O Homem que passa
Meu Deus, eu quero o homem que passa
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és lindo, homem que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pelos são relva boa
Fresca e macia.
Fresca e macia.
Teus belos braços são fortes e mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero o homem que passa!
Como te adoro, homem que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me concontrava se te perdias?
Por que não voltas, homem que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, homem querido
Sempre perdido, nunca encontrado?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero o homem que passa!
Eu quero-o agora, sem mais demora
O meu amado homem que passa!
Que fica e passa, que pacífica
Que é tanto puro como devasso
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.
Vinícius de Morais adaptação Crys Lira